2 de novembro de 2007

Pelo Gerês com Miguel Torga

Vista de Rio Caldo e da albufeira da Caniçada do Miradouro da Boneca

“Há sítios do mundo que são como certas existências humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição. Este Gerês é um deles."
Miguel Torga In "Diário VII"


No âmbito dos Serviços de Documentação da Universidade do Minho, onde trabalho, e das comemorações do centenário do nascimento de Miguel Torga que decorreram na Biblioteca Geral da U.M., organizamos uma caminhada Torguiana pelo Gerês, do Campo à Vila do Gerês (repetindo o percurso que tinha sido executado numa marcha organizada pela Câmara Municipal de Terras do Bouro).

O grupo de caminheiros a ser recebido pelo assessor do Presidente da Câmara Municipal de Terras do Bouro, junto ao Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas no Campo do Gerês


A caminhada decorreu no dia 13 de Outubro, e na sua realização contamos com a colaboração do Sindicato de Poesia de Braga, da Associação de Antigos Estudantes da U.M. e da Câmara Municipal de Terras do Bouro. Um mês antes, em 9 de Setembro, o que estava para ser apenas um reconhecimento do percurso, feito por nós, pelo Jorge Louro e pelo Tiago, transformou-se afinal numa caminhada com treze pessoas.
O grupo que fez o reconhecimento do percurso no dia 9 de Setembro

No dia 13 fomos trinta cinco caminhantes, abençoados por um dia fantástico, com muito sol, mas sem excessivo calor, e excelente visibilidade.

O grupo de caminheiros no miradouro da Boneca


Subida para Lamas

Vista sobre Campo do Gerês e a Serra Amarela na subida para Lamas (foto de 9 de Setembro de 2007)

Vista da Vila do Gerês no miradouro da Boneca

O Vale do Homem visto do miradouro da Boneca


Para além do prazer da caminhada, e do desfrutar das paisagens do percurso (Campo do Gerês-Lamas-Miradouro da Boneca-Miradouro da Fraga Negra-Vila do Gerês) tivemos ainda o privilégio de ouvir mais de uma dezena de textos (poesia e prosa) de Miguel Torga, ditos de uma forma excelente pela Marta Catarino e pelo Gaspar Machado, do Sindicato de Poesia de Braga, num cenário onde alguns deles tiveram a sua origem.


Primeira leitura de textos de Miguel Torga na partida para a caminhada na "Porta" de Campo do Gerês



Leitura de textos de Torga no Miradouro da Boneca



Leitura de textos de Torga no Miradouro da Fraga Negra


Quase todos os textos lidos foram extraídos dos Diários de Miguel Torga, e para além de passagens e poemas escritos no Gerês, foram também seleccionados outros com que se procurou exemplificar a importância da “terra” e dos “montes” no universo torguiano, e a paixão de Torga pela caminhada, pela subida das serras, pela exploração dos espaços naturais, pelo seu país (“Portugal! É por sabê-lo tão pobre e tão atormentado que o amo e o respeito tanto …” ), cuja realidade telúrica quis descobrir “pelos métodos de um almocreve”.


O percurso terminou no café Torga na vila do Gerês, onde se leram os últimos textos (incluído o que acima citei sobre Portugal) e onde cada qual procurou o que não teve no monte (no meu caso, a dose de cafeína...).



Leitura de textos de Torga no final da Caminhada, no Café Torga na Vila do Gerês



Definitivamente, aquele sábado 13 foi um dia de sorte!

Medronhos no Lindoso

Castelo e espigueiros do Lindoso

No dia 7 de Outubro fomos fazer uma pequena caminhada no Lindoso, seguindo o percurso sugerido no livro “Passeios e percursos irrepetíveis pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês”.

É um percurso pequeno, sem dificuldades e onde se pode desfrutar de algumas bonitas paisagens sobre a albufeira de Lindoso no rio Lima, a Serra Amarela (cujos limites se percorrem) e a Serra do Soajo.



Vista da albufeira da barragem do Alto Lindoso, onde o Rio Cabril se junta ao Lima

Vista no vale do rio Cabril ...

A Torre Grande no vale do Cabril


O grupo de garranos (ou "burras") que fomos involuntariamente incomodar

Mas desta caminhada o que certamente reteremos, para além da companhia de uma família de garranos (burras, como por lá lhes chamam) cuja tranquilidade fomos incomodar, e que seguiram à nossa frente, ao longo do trilho por cerca de 2 kms, foram os medronhos. Como era o princípio da época deles, e por aquelas matas ainda se encontram vários medronheiros, pudemos consolar-nos com alguns saborosos frutos.

Medronheiro

A terminar ainda pudemos provar umas uvas americanas...

Paraíso Galego

Duas semanas após a chegada da China, fomos com a Inês para o refúgio de natureza, que descobrimos há dois anos, e no qual já nos abrigamos por seis vezes desde então.


Muita tranquilidade, muito verde, boas caminhadas, boa comida por bom preço, foi o que mais uma vez encontramos nestes dias. Para além de algum frio durante a noite (em pleno Agosto, a meio da noite ficavam menos de 10ºC)!


Um paraíso galego que só partilhamos com os que nos são queridos e próximos!