Mostrar mensagens com a etiqueta Caminhadas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Caminhadas. Mostrar todas as mensagens

26 de dezembro de 2007

Subida à Calcedónia

Subida à Calcedónia, uma das coroas de gloria cá da terra. A tarde estava como um veludo, e as fragas, amolecidas pela luz, pareciam broas de pão a arrefecer. Do alto, a paisagem à volta era dum aconchego de berço. Muros sucessivos de cristas — círculos concêntricos de esterilidade — envolviam e preservavam a solidão. Nas vezeiras, resignadas, as rezes esmoíam os tojos como quem ajeita um cilício ao corpo. E mais uma vez me inundou a emoção de ter nascido nesta pequena pátria pedregosa que é Portugal.

Há nessa condenação como que uma graça dos deuses. Também é preciso ser de eleição para merecer certas pobrezas...

Miguel Torga, in Diário VI


Aproveitamos este domingo para subir a Calcedónia, com a Inês a Manuela e o Nuno, seguindo o Trilho da Cidade da Calcedónia, um dos trilhos promovidos pela Câmara Municipal de Terras de Bouro e assim descrito no folheto editado pelo município de Terras de Bouro:

O Trilho Cidade Calcedónia permite uma visita ao povoado fortificado da Idade do Ferro, designado Calcedónia.

Presumivelmente de ocupação romana, este local emblemático, cujo topónimo foi criado pela efabulação erudita de alguns sábios do século XVI, indica uma origem clássica fundada pelos Argonautas (Regalo,2001).

(...)

É um trilho pedestre de pequena rota (PR) que apresenta um traçado circular com uma distância real de 7km, um tempo médio previsto de 4 horas e constitui-se por traçados declivosos que o tornam de elevada dificuldade (...).

Para nós tratou-se de uma repetição, pois já tínhamos efectuado este percurso em Março, no dia do aniversário da Luísa! Desta vez fomos cinco caminheiros, presenteados com um dia de Dezembro magnífico, pois apesar de estar um pouco frio nas zonas de sombra e quando o vento soprava, tivemos um sol radioso, um céu despejado de nuvens e uma excelente visibilidade.

O início do percurso é no Lugar do Calvário, em Covide, mesmo em frente à residencial Calcedónia, junto ao local onde se encontram as estradas EN304 e EN307. Depois de tomar um café ao som de um velho sucesso do Quim Barreiros (que pelos vistos continua a fazer furor por estas bandas...), iniciamos verdadeiramente o percurso já era quase meio-dia.

Após abandonarmos a estrada EN307 (poucas centenas de metros depois da partida) o percurso decorre por caminhos rurais, descendo ligeiramente até ao ribeiro de Freitas. Nesta fase, durante umas dezenas de metros, o caminho utiliza o itenerário da Geira, a via romana XVIII que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), junto à milha XVIII (ainda haveremos de voltar a escrever aqui sobre a Geira e Astorga, que já percorremos parcialmente e visitamos, respectivamente, mais do que uma vez).

Depois de atravessado o ribeiro, inicia-se verdadeiramente a subida, pela encosta do Tonel, vencendo um declive de cerca de 400 metros em pouco mais de 2 km. É uma subida lenta e cansativa que nos deixou a todos esfomeados, pelo que paramos para comer um pouco antes de concluída a ascensão.

Depois de retemperadas as forças com umas belas sandes de frango no delicioso pão-da-avó, dessa instituição vimaranense que já é a Padaria das Trinas (e de que fomos vizinhos durante alguns anos), retomamos a caminhada. Concluímos a escalada e percorremos uma zona de “planalto”, sem grandes desníveis, por entre formações graníticas que parecem verdadeiras esculturas, até atingir o cabeço da Calcedónia.

Na zona do cabeço, por entre blocos e formações graníticas de grande dimensão e com disposições surpreendentes, abriga-se um pequeno bosque onde pontificam os carvalhos e as pereiras bravas. Exploramos a zona do cabeço, em busca da famosa fenda da Calcedónia (que não tínhamos localizado aquando da nossa “apressada” passagem em Março).

Depois de termos escalado, deslizado ou passado de cócoras por entre vários blocos e paredes, num dos quais até se perderam uns óculos de sol, que felizmente foram recuperados uns minutos depois, a Luísa acabou por encontrar a fenda da Calcedónia, onde penetramos os cinco.

No entanto, apenas eu e o Nuno subimos por entre as pedras e blocos que é necessário escalar para ascender na fenda. E apesar de termos chegado ao último bloco antes de abertura superior para o exterior, acabamos por não a subir, e regressamos para junto das nossas três companheiras de jornada, que tinham ficado no interior da entrada da fenda.

Depois da fenda, apesar da alegada ajuda de “todos os santos”, já que é sempre a descer até atravessar de novo o ribeiro de Freitas, o caminho volta a ser exigente e cansativo, sobretudo para os joelhos. De novo em pouco mais de 2 kms se vence um desnível de quase 400 metros, primeiro por um caminho de pé posto por entre a vegetação e a penedia, e mais à frente por um caminho de terra e saibro mais largo, mas também mais escorregadio. Por isso, ao longo da descida, com pequenos troços com grande inclinação, as pernas vão sempre a travar, e nessas alturas os joelhos é que pagam...

De novo atravessado o ribeiro de Freitas, as últimas centenas de metros do percurso são de uma subida com forte inclinação, no final já por entre casas e os ladrar dos cães que sempre nos anunciam, até chegar ao entroncamento das estradas nacionais de onde tínhamos partido. Passavam poucos minutos das 5H da tarde, e o podómetro marcava 9,5km.

Enquanto fazíamos os habituais alongamentos “pós-caminhada” a lua nasceu e caiu a noite. E no pouco tempo que ainda ficamos ali a conversar e a despedir-nos, para além da lua e da noite, chegou o frio. Em poucos minutos a temperatura deverá ter descido vários graus.

E assim, nos despedimos das caminhadas em 2007: com uma caminhada antes do Natal, consumindo antecipadamente algumas calorias, das imensas que ingerimos nos excessos gastronómicos natalícios.

18 de dezembro de 2007

S. Torcato e os seus moinhos...

S.Torcato visto do Norte (com o Monte Largo ao fundo...)


Aproveitamos uma manhã de sábado pré-natalício para percorrer um dos dois percursos pedestres promovidos pelo município onde vivemos – o percurso S. Torcato e os seus moinhos.

A partida e a chegada é junto do Santuário de S. Torcato e todo o percurso se desenrola no fértil vale agrícola em torno do rio Selho e da ribeira da Aveleira. Depois de abandonado o centro da vila de S. Torcato o caminho dirige-se para sul e decorre por entre campos e casas agrícolas.

Pormenor do vale de S. Torcato

Apesar de estar um dia soalheiro, ainda encontramos gelo nas zonas abrigadas entre a Boavista e o campo da Ataca quase ao meio dia.

Geada ao meio-dia


O Campo da Ataca é aliás um dos pontos de interesse deste percurso. De acordo com uma tradição popular, que foi “ressuscitada” nos anos 90 (nomeadamente por Freitas do Amaral), terá sido aqui que se iniciou a Batalha de S. Mamede, em 24 de Junho de 1128, na sequência da qual Afonso Henriques assumiu a liderança do Condado Portucalense e conduziu à independência de Portugal. O actual arranjo deste espaço foi realizado por ocasião do II Congresso Histórico de Guimarães, em 1996, sendo as esculturas da autoria de Augusto Vasconcelos.

Grupo escultórico do campo da Ataca

Depois do Campo da Ataca inverte-se a direcção do percurso, rumando a norte e de novo em direcção a S. Torcato, passando-se na parte inferior da vila. Aqui existe mais um dos pontos de interesse do percurso, a Capela da Fonte do Santo. Segundo a tradição foi neste local que S. Torcato foi martirizado no ano de 715, quando pretendia impedir o avanço do exército árabe de Muça, general de Tarik, sobre a região, tendo sido aí o seu corpo descoberto por um monge beneditino.


O troço do percurso depois da Fonte do Santa, seguindo a linha de água, passando junto a Agras e até encontrar a estrada EN 207-4 junto à Fonte Seca é interessante e agradável.

Depois o percurso já é “urbano”, por entre casas e ruas e caminhos até à igreja velha de S. Torcato, outro dos pontos mais relevantes do percurso. Esta é uma igreja românica com várias fases de construção entre X e XIII.

Duas centenas de metros separam a igreja velha do novo santuário e do fim do percurso. Na chegada o podómetro marcava quase 9 km (8,5 km anunciados no percurso). Demoramos 2H45m a realizar este percurso fácil, quase sem desníveis.

O folheto do percurso anuncia que se poderão avistar perdizes, javalis, raposa e aves de rapina, mas a única fauna que vimos (para além de algumas aves autóctones) foram avestruzes...

11 de dezembro de 2007

Andarilhos Nordestinos: no encalço da castanha e surpreendidos pela esteva

Escapada a Trás-os-Montes no fim-de-semana de 3 e 4 de Novembro, seguindo ao esperado encontro das castanhas (e dos enchidos) e do inesperado odor tardio da esteva.

Vista da Serra da Padrela (com o Barroso e o Gerês ao fundo)

O percurso foi de (re)conhecimento. Depois de seguirmos pela auto-estrada de Guimarães a Vila Pouca seguimos pelas estradas nacionais pela Serra da Padrela (onde nos empanturramos de medronhos...) em direcção a Carrazeda de Montenegro que visitamos brevemente.

A Igreja de Carrazeda de Montenegro

Retomado o caminho em direcção a Torre de D. Chama paramos para almoçar numa padaria/cafetaria (a Padaria Moutinho) em Argeriz, onde comemos um genuíno folar transmontano.

Depois da visita a Torre de D. Chama, rumamos a Vinhais. Chegados ao final da tarde dirigimo-nos à Feira da Castanha, que tinha sido um dos motivos pela qual tínhamos realizado esta “escapada”.


O maior assador de castanhas do mundo em Vinhais...

Visitada a Feira, provadas umas castanhas do maior assador do mundo (mais um recorde para o Guiness, que parece ter-se transformado em desígnio nacional) e compradas outras castanhas para consumo posterior, dirigimo-nos finalmente a Bragança, onde tínhamos reservado dormida.

Vista para o Castelo e o Domus de Bragança desde a Pousada de S. Bartolomeu

O jantar já estava decidido: no Manel, um valor seguro da restauração bragançana, onde à falta dos ossinhos (que são deliciosos), comemos uns saborosos azedos. A surpresa veio depois do jantar: um concerto da Orquestra Nacional do Porto, no Teatro Municipal de Bragança. Uma boa surpresa, esta de ver um bom concerto de uma orquestra de qualidade, numa cidade do interior, ao simpático preço de 5€.

No dia seguinte, domingo, fomos fazer uma caminhada no Parque Natural de Montesinho. Realizamos o percurso, descrito no livro Passeios e percursos pedestres irrepetíveis [em] Portugal, de Manuel Nunes e Jorge Nunes, entre a Aldeia de Montesinho e a fronteira com a Galiza junto ao Prado do Bolo e a Pedra Toucada, passando pelas duas margens da barragem da Serra Serrada.

Um bonito "quadro" na aldeia de Montesinho

Sinfonia de cores e odores num belo dia outonal

Junto à albufeira da barragem da Serra Serrada

A esfinge da Serra Serrada?

Outra vista da albufeira da barragem da Serra Serrada

Um dos vários marcos de fronteira por onde passamos


Foi uma boa caminhada, num percurso bonito, feito num dia de Outono excelente, com muito sol e o odor intenso da esteva (que já tínhamos sentido na véspera). E o facto de nos termos perdido, tendo de fazer umas centenas de metros a corta-mato, no caminho de “regresso” após a Pedra Toucada só aumentou o encanto da caminhada com um toque “picante”.

Vista da albufeira da barragem da Serra Serrada ao final do dia

Na segunda passagem pela barragem da Serra Serrada deparamos-nos com uma lebre distraída e temerária, que se deixou fotografar a pouco mais de uma dezena de metros.

Uma lebre temerária...

Terminamos a caminhada quando a noite já caía na aldeia de Montesinho, de onde regressamos directamente a Guimarães, via Verín e Chaves. Um fim-de-semana transmontano que deixou vontade de regressar a estas paragens.

2 de novembro de 2007

Pelo Gerês com Miguel Torga

Vista de Rio Caldo e da albufeira da Caniçada do Miradouro da Boneca

“Há sítios do mundo que são como certas existências humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição. Este Gerês é um deles."
Miguel Torga In "Diário VII"


No âmbito dos Serviços de Documentação da Universidade do Minho, onde trabalho, e das comemorações do centenário do nascimento de Miguel Torga que decorreram na Biblioteca Geral da U.M., organizamos uma caminhada Torguiana pelo Gerês, do Campo à Vila do Gerês (repetindo o percurso que tinha sido executado numa marcha organizada pela Câmara Municipal de Terras do Bouro).

O grupo de caminheiros a ser recebido pelo assessor do Presidente da Câmara Municipal de Terras do Bouro, junto ao Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas no Campo do Gerês


A caminhada decorreu no dia 13 de Outubro, e na sua realização contamos com a colaboração do Sindicato de Poesia de Braga, da Associação de Antigos Estudantes da U.M. e da Câmara Municipal de Terras do Bouro. Um mês antes, em 9 de Setembro, o que estava para ser apenas um reconhecimento do percurso, feito por nós, pelo Jorge Louro e pelo Tiago, transformou-se afinal numa caminhada com treze pessoas.
O grupo que fez o reconhecimento do percurso no dia 9 de Setembro

No dia 13 fomos trinta cinco caminhantes, abençoados por um dia fantástico, com muito sol, mas sem excessivo calor, e excelente visibilidade.

O grupo de caminheiros no miradouro da Boneca


Subida para Lamas

Vista sobre Campo do Gerês e a Serra Amarela na subida para Lamas (foto de 9 de Setembro de 2007)

Vista da Vila do Gerês no miradouro da Boneca

O Vale do Homem visto do miradouro da Boneca


Para além do prazer da caminhada, e do desfrutar das paisagens do percurso (Campo do Gerês-Lamas-Miradouro da Boneca-Miradouro da Fraga Negra-Vila do Gerês) tivemos ainda o privilégio de ouvir mais de uma dezena de textos (poesia e prosa) de Miguel Torga, ditos de uma forma excelente pela Marta Catarino e pelo Gaspar Machado, do Sindicato de Poesia de Braga, num cenário onde alguns deles tiveram a sua origem.


Primeira leitura de textos de Miguel Torga na partida para a caminhada na "Porta" de Campo do Gerês



Leitura de textos de Torga no Miradouro da Boneca



Leitura de textos de Torga no Miradouro da Fraga Negra


Quase todos os textos lidos foram extraídos dos Diários de Miguel Torga, e para além de passagens e poemas escritos no Gerês, foram também seleccionados outros com que se procurou exemplificar a importância da “terra” e dos “montes” no universo torguiano, e a paixão de Torga pela caminhada, pela subida das serras, pela exploração dos espaços naturais, pelo seu país (“Portugal! É por sabê-lo tão pobre e tão atormentado que o amo e o respeito tanto …” ), cuja realidade telúrica quis descobrir “pelos métodos de um almocreve”.


O percurso terminou no café Torga na vila do Gerês, onde se leram os últimos textos (incluído o que acima citei sobre Portugal) e onde cada qual procurou o que não teve no monte (no meu caso, a dose de cafeína...).



Leitura de textos de Torga no final da Caminhada, no Café Torga na Vila do Gerês



Definitivamente, aquele sábado 13 foi um dia de sorte!

Medronhos no Lindoso

Castelo e espigueiros do Lindoso

No dia 7 de Outubro fomos fazer uma pequena caminhada no Lindoso, seguindo o percurso sugerido no livro “Passeios e percursos irrepetíveis pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês”.

É um percurso pequeno, sem dificuldades e onde se pode desfrutar de algumas bonitas paisagens sobre a albufeira de Lindoso no rio Lima, a Serra Amarela (cujos limites se percorrem) e a Serra do Soajo.



Vista da albufeira da barragem do Alto Lindoso, onde o Rio Cabril se junta ao Lima

Vista no vale do rio Cabril ...

A Torre Grande no vale do Cabril


O grupo de garranos (ou "burras") que fomos involuntariamente incomodar

Mas desta caminhada o que certamente reteremos, para além da companhia de uma família de garranos (burras, como por lá lhes chamam) cuja tranquilidade fomos incomodar, e que seguiram à nossa frente, ao longo do trilho por cerca de 2 kms, foram os medronhos. Como era o princípio da época deles, e por aquelas matas ainda se encontram vários medronheiros, pudemos consolar-nos com alguns saborosos frutos.

Medronheiro

A terminar ainda pudemos provar umas uvas americanas...

Paraíso Galego

Duas semanas após a chegada da China, fomos com a Inês para o refúgio de natureza, que descobrimos há dois anos, e no qual já nos abrigamos por seis vezes desde então.


Muita tranquilidade, muito verde, boas caminhadas, boa comida por bom preço, foi o que mais uma vez encontramos nestes dias. Para além de algum frio durante a noite (em pleno Agosto, a meio da noite ficavam menos de 10ºC)!


Um paraíso galego que só partilhamos com os que nos são queridos e próximos!










1 de julho de 2007

Trilho de Campos com pessoal dos SDUM (e afins...)

Há umas semanas convidei as pessoas que trabalham comigo nos Serviços de Documentação da Universidade do Minho (SDUM), para partilharem o nosso gosto pelas caminhadas, acompanhando-nos num passeio no dia 30 de Junho.


Em face das respostas recebidas, com 10 pessoas interessadas e disponíveis para participar, mas na maioria sem qualquer experiência anterior e com condições físicas pouco apuradas, ou mesmo com limitações, concluí que deveríamos escolher um percurso que fosse fácil, do ponto de vista do traçado, da inclinação e do piso. Depois de alguma hesitação, acabamos por seleccionar o Trilho de Campos, situado em plena Serra da Cabreira, em Vieira do Minho.

É um percurso com uma extensão de cerca de 13,8km, que decorre entre os 755m (Ponte de Campos) e os 1090m (Charca dos Javalis), e na maior parte do trajecto por estradões florestais em terra batida. Depois de uma descida inicial, os quatro quilómetros seguintes são sempre a subir, mas com inclinações que raramente são acentuadas. É portanto um percurso fácil/moderado, que pode ser feito por qualquer pessoa.

Entre colegas dos SDUM, familiares e amigos, participaram nesta caminhada 14 pessoas. Partimos de Campos um pouco depois das 10H30m, cheios de energia e entusiasmo...

Frescos e animados na partida para a caminhada

O primeiro quilómetro é feito a descer para a Ponte de Campos, por um velho e bonito caminho rural, que nos últimos trezentos metros segue paralelo ao Rio da Lage, que a ponte atravessa. Neste troço pudemos observar um moinho abandonado (dos muitos que existiram no Rio da Lage).


Na descida para a Ponte de Campos, vendo-se as ruínas de um moinho

Depois de atravessar a Ponte de Campos iniciamos a subida até à Volta da Coroa. O primeiro quilómetro foi ainda realizado pelo antigo caminho rural . Aqui houve quem conseguísse observar uma raposa, junto à mina da Quebrada, que se avista bem do outro lado do Rio da Lage. Do mesmo local temos também uma bonita perspectiva do vale, com a aldeia de Campos e, mais ao fundo, os cumes do Gerês.

Vista para Campos (com o Gerês ao fundo) na subida para a Volta da Coroa

Apesar da inclinação não ser muito acentuada, esta subida inicial já exigiu algum esforço, uma certa dose de suor (mas sem sangue ou lágrimas...) a alguns dos que caminhavam pela serra pela primeira vez. Houve até quem consumisse logo ali a barra energética...

Depois do cruzamento da Volta da Coroa, a subida prossegue por um caminho florestal, inicialmente com árvores dos dois lados do caminho, mas que progressivamente se vai transformado numa espécie de fronteira entre dois mantos vegetais: à esquerda árvores (pinheiros, carvalhos, bétulas, etc.) e à direita os matos de montanha (carqueja, urze, etc.).

Subindo da Volta da Coroa para Chã de Coelhos

Esta fase do percurso revelou-se atribulada: primeiro por causa de umas lentes que tinham caído inadvertidamente, e depois por causa de um cajado que tinha ficado esquecido enquanto o grupo esperava por quem tinha ido procurar as lentes... À custa disso eu e o Elísio voltamos duas vezes para trás. Os quase cinco quilómetros a mais, com as duas idas-e-voltas que fizemos, permitiram contudo recuperar as lentes e o cajado!

Enquanto voltamos para trás para recuperar o cajado esquecido o grupo completou a subida até à Charca dos Javalis e prosseguiu até ao parque de merendas, local onde combinamos parar para descansar e comer.

A Charca dos Javalis é a zona da nascente do rio Tranquilho, um local lamacento e que no Inverno se encontrava alagado, ideal para os banhos de lama dos javalis. Este é também o ponto mais alto do percurso. Uns metros mais à frente, em dias com boa visibilidade, pode desfrutar-se de uma bela vista para um vasto conjunto de montes e montanhas a sul da Cabreira (chegando a avistar-se o Marão). Infelizmente, quando chegamos a este ponto, o céu estava com muitas nuvens e existia uma forte neblina que não permitia ver mais longe do que um ou dois quilómetros.

Assim, como não registamos imagens neste ponto, incluo aqui duas das várias fotografias que tiramos desse local quando realizamos este percurso no dia 2 de Janeiro de 2007.

Vista junto à Charca dos Javalis (Encosta da Bragada?) - Foto de 2007-01-02

Vista junto à Charca dos Javalis (Encosta da Bragada?) - Foto de 2007-01-02

Chegados ao Parque das Merendas, encontramos companhia: um grupo de amigos de S. Torcato que tinham decidido ir lá passar o dia, fazendo um piquenique, para o qual vinham muito bem abastecidos de comida, e bebida... Alguns dos nossos caminheiros (e em particular caminheiras...) ainda ajudaram os amigos de S. Torcato a consumir uns litros dos muitos com que se tinham prevenido...

Retemperadas as forças, retomamos a nossa marcha por volta das 14H, caminhando pelo estradão florestal, que é desabrigado, em direcção ao Cabeço do Escápio e à Tranqueta do Talefe, onde o caminho inverte a direcção (passando a seguir de Sul para Norte) e se inicia o regresso a Campos.

Nesta zona pudemos observar ao longe belos exemplares do gado barrosão.


Exemplares do gado barrosão, desfrutando do que a Serra da Cabreira lhes proporciona


Paisagem entre as Lamas do Curral e Carvalhas das Lamas de Urzeira

Um pouco mais abaixo, antes de chegar às Carvalhas das Lamas de Urzeira, várias pessoas avistaram uma ave de rapina. Por mais que tentasse não a consegui ver, e obviamente fotografar. Mas como foi na mesma zona onde em Janeiro avistamos uma ave de rapina, incluo aqui a fotografia que então tiramos, pois pode tratar-se da mesma ave.

Ave de rapina na zona das Carvalhas das Lamas de Urzeira - - Foto de 2007-01-02

A descida continuou a bom ritmo até ao Alto da Mata do Gago. A tão bom ritmo, que os pioneiros nem repararam que tinham de virar à direita, para outro caminho, e descer de novo para o Rio da Lage. Foi a nossa vez de aguardar por quem teve de fazer uma ida-e-volta de algumas centenas de metros...

Na descida para o Rio da Lage poder-se-ia desfrutar de novo de uma bela paisagem sobre Campos e o Gerês mais atrás (como o atesta a foto que tiramos em Janeiro e que aqui incluímos). Mas de novo a neblina e as nuvens nos impediam a visibilidade para além de algumas centenas de metros.

Vista sobre Campos na descida para o Rio da Lage - Foto de 2007-01-02

Depois de atravessado o pontilhão, voltamos a subir durante uns duzentos metros, passando ao lado das antigas minas de volfrâmio da Quebrada, onde algumas pessoas aproveitavam o tanque como piscina...

Chegamos a Campos por volta das 4H da tarde, ou seja pouco mais de cinco horas depois de termos partido. Após o cafézinho, pelo qual muitos ansiavam, de umas fatias de bolo de maçã da Luísa, de alguns minutos de descanso e da inevitável "foto de família"....

Os caminheiros, menos frescos, mas ainda animados e com vontade de petiscar...

... havia vontade de ir petiscar qualquer coisa. A sugestão de ir ao "Chalana" em Rita, Póvoa de Lanhoso, foi aceite por todos.

Mas quando lá chegamos, o "lanche" de petiscos, acabou por se transformar num jantar "temporão", pois comemos umas belas postas de bacalhau assado na brasa, regadas com verde branco ou tinto (conforme os gostos) pouco depois das 6H da tarde!!!!

Antes das 7H e já jantados...


As provas do "crime": os restos do "fiel amigo", e seus acompanhantes

E assim terminou uma caminhada agradável, que poderá ter sido apenas a primeira de várias que faremos com os caminheiros dos SDUM!